Crianças Do Brasil (Ao Vivo)

Braço gordo é mato, tio, vários de chapéu

Escarnecia do olho, escorrendo, tossiu as sílabas de fel

E os moleques bons tão, expostos aos cruéis

Passarinhos são, pra voar entre os caças dez

Senhor, o que se vê é o que se tem, tio

Eu tenho o que, Jhon? Eu tenho o que, tio?

Tanque cheio e o coração vazio, hienas perto

Tem medo de quê? Teu olhar é frio, morte no deserto

Putas nem sempre são mulheres, depende

Me matam quando querem, cê me entende

Moleque bom, a rima onde família é assassinada igual a um cão

Por causa de boceta, muita treta Jão

Pedras vão rolar, frias calculistas vão voltar

Mil lutas, mil letras, mil trutas, mil tretas

Mil corpos na gaveta, pelados e de bombeta

Franzino, roupa larga, você sabe que é anemia

É o veneno, o inimigo do sistema é isso mesmo

Cada um, cada um, bru, tudo e nada nosso

Por baixo dos provérbios é só destroço

Porque é no beco das drogas, onde a injustiça se junta

E o silêncio que esmaga um milhão de perguntas

Sofredor tenta esconder sua dor

Por favor, pelo amor, alguém salve essa flor

Responde alguém, que pode ver além

Eu sofro menos quando finjo pá, não tá nem

Preciso dos seus valores, se valores servem, cara

Comprar tênis Nike, camisas Che Guevara

Armas e moto, celular que bate foto, é fantástico

Favela digital, viva as flores de plástico

Aqui sim, eis que o futuro chegou e agora?

Mas sem amor, a favela chora

É tupiniquim, é guaraná, é de ganga-zumba, é Zumbi

Brilha o chão de Minas, grão Pará, Velho Chico, bom de navagar

Comendo poeira no sertão

Chora o sertanejo violão

É dona Maria, seu José, água de beber e de benzer

Passe de Garrincha pra Pelé, terra boa pra plantar café

Pão de açúcar, Cristo Redentor

Eu quero ficar em Salvador

Pátria amada, meu amor

Que meu Deus abençou

Não quero ver sofrer, ó pátria mãe gentil

As crianças do Brasil

Chega a polícia e mete o pau, chega o político e mete a mão

Fevereiro é carnaval, fim do sofrimento é ilusão

Boto a mão no bolso e vai mal

Sem dinheiro pra comprar um pão, arroz e feijão, e macarrão

Pátria amada, meu amor

Que meu Deus abençou

Não quero ver sofrer, ó pátria mãe gentil

As crianças do Brasil

Pátria amada, meu amor

Que meu Deus abençou

Não quero ver sofrer, ó pátria mãe gentil

As crianças do Brasil