Featured In

Credits

PERFORMING ARTISTS
Dulce Pontes
Dulce Pontes
Vocals
COMPOSITION & LYRICS
José Afonso
José Afonso
Composer
Dulce Pontes
Dulce Pontes
Arranger
Guilherme Inês
Guilherme Inês
Arranger
PRODUCTION & ENGINEERING
Guilherme Inês
Guilherme Inês
Producer

Lyrics

Aldeia da Meia Praia, alí mesmo ao pé de Lagos
Vou fazer-te uma cantiga da melhor que sei e faço
De Montegordo vieram alguns por seu próprio pé
Um chegou de bicicleta, outro foi de marcha ré
Quando os teus olhos tropeçam no voo de uma gaivota
Em vez de peixe, vê peças de oiro caindo na lota
Quem aqui vier morar não traga mesa, nem cama
Com sete palmos de terra se constrói uma cabana
Tu trabalhas todo o ano, na lota deixam-te nudo
Chupam-te até ao tutano, levam-te o couro cabeludo
Quem dera que a gente tenha de Agostinho a valentia
Para alimentar a sanha de esganar a burguesia
Adeus disse à Montegordo, nada o prende ao mal passado
Mas nada o prende ao presente se só ele é o enganado
Oito mil horas contadas, laboraram a preceito
Até que veio o primeiro documento autenticado
Eram mulheres e crianças, cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra, quem diz o contrário é tolo
E se a má língua não cessa eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a nobreza dos índios da Meia Praia
Foi sempre a tua figura, tubarão de mil aparas
Deixas tudo à dependura quando na presa reparas
Das eleições acabadas, do resultado previsto
Saiu o que tendes visto, muitas obras embargadas
Mas não por vontade própria, porque a luta continua
Pois é dele a sua história e o povo saiu à rua
Mandadores de alta finança, fazem tudo andar p'ra trás
Dizem que o mundo só anda tendo à frente um capataz
Eram mulheres e crianças, cada um com seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra, quem diz o contrário é tolo
E toca de papelada no vaivém dos ministérios
Mas hão de fugir aos berros, 'inda a banda vai na estrada
Written by: José Afonso
instagramSharePathic_arrow_out