Correnteza

Lembra aquela noite quando abriu a porta pra mim?

Antes, suspirava seu tédio, incrédula, perplexa, perante o fim

Enfim, um inesquecível culto, pensava

Enquanto descia a ladeira da capela

Parecia Cinderela

Do conto de fadas

Ou saída das páginas

De um livro de Nárnia

Sem saber o que fazer aqui

Tranquila

Vai fluir

Dona Doida

Às vezes Santa

Deixa descobrir

Quem resiste à correnteza?

Acostumada aos sons do subsolo

Estranhava as tristes canções da rua

À luz da lua, um desconserto

Desassossego, seu desespero, a alma nua

Então percebeu, por um segundo

Que a dor imensa, a dor do mundo te abraçava

Arrancava meras certezas

E as correntezas que te levavam

Eram belas correntes de amor

Tranquila

Vai fluir

Dona Doida

Às vezes Santa

Deixa descobrir

Quem resiste à correnteza?